quarta-feira, 21 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Poder nômade, poder do Império
Rafael Drumond
Uma narrativa que sempre me inquietou foi a dos movimentos trabalhistas e a crença de que a chave para a resistência é fazer um corpo organizado de trabalhadores parar a produção. Tal como a idéia de revolução, a idéia de sindicato foi despedaçada, e talvez nunca tenha existido na vida cotidiana. A ubiquidade, ou seja, a forma de poder estar em todo os lugares, ao mesmo tempo, das greves suspensas, cortes voluntários de salários e demissões "voluntárias" atestam que aquilo que se chama sindicato não passa e uma burocracia trabalhista.
A fragmentação do mundo, - em nações, em regiões, Primeiro e Terceiro Mundos etc -, como método disciplinador utilizado pelo poder nômade ( talvez esse poder seja do Império?!?!) - tornou anacrônicos os movimentos trabalhistas nacionais. Os locais de produção são móveis demais e as técnicas de gestão flexíveis demais para que a ação trabalhista seja eficaz. Se os trabalhadores de uma região resistem às exigências corporativas, uma fonte de mão-de-obra aternativa é rapidamente encontrada.
A transferência das fábricas da Dupont e da General Motors para o México, por exemplo, demonstra esta habilidade nômade. Como colônia fonte de mão-de-0bra, o México também permite a redução dos custos unitários, eliminando os padrões salariais de Primeiro Mundo e os direitos trabalhistas. O preço da velocidade do mundo corporativo é pago pela intensificação da exploração. A sustentada fragmentação do tempo e do espaço faz com que isso seja possível. O tamanho e o desespero da mão-de-obra do Terceiro Mundo, em conjunto com sistemas políticos cúmplices, deixam as classes trabalhadoras organizadas sem uma base a partir da qual possam barganhar. No momento, não vejo luz no fim do túnel.
domingo, 27 de setembro de 2009
Últimas informações
+ As inscrições podem ser feitas até o dia 29/09
+ O texto para ser debatido no primeiro encontro já se encontra disponível na copiadora da instituição
+ O texto para ser debatido no primeiro encontro já se encontra disponível na copiadora da instituição
Grupo de Estudos sobre a obra Império (A. Negri e M. Hardt).
O Grupo de Estudos Nômades (GEN) convida todos para participar do grupo de discussão sobre a obra Império de Antônio Negri e Michael Hardt. O GEN encontra-se no terceiro semestre de seu funcionamento e já se dedicou a estudar trabalhos de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari.
O Grupo de Estudos Nômades (GEN) convida todos para participar do grupo de discussão sobre a obra Império de Antônio Negri e Michael Hardt. O GEN encontra-se no terceiro semestre de seu funcionamento e já se dedicou a estudar trabalhos de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Informações:
- Início: 30/09 (encontros quinzenais).
- Carga Horária: 20hs
- Organização: Davis M. Alvim e Murilo Esteves Jr.
- Local: Faculdade Cesat (Jd. Limoeiro – Serra ES)
- Telefone: 3041 7072 (Coord. de História e Ciência Política).
http://www.cesat.br/
- Início: 30/09 (encontros quinzenais).
- Carga Horária: 20hs
- Organização: Davis M. Alvim e Murilo Esteves Jr.
- Local: Faculdade Cesat (Jd. Limoeiro – Serra ES)
- Telefone: 3041 7072 (Coord. de História e Ciência Política).
http://www.cesat.br/
quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Poucas coisas que sei sobre Biocapitalismo.
Murilo Esteves Junior
Primeiramente gostaria de esclarecer que o filme a ilha não tem nada a ver com o livro a ilha de Aldous Leonard Huxley, como sou amante de Huxley aluguei o filme achando que tivesse algo parecido. Na verdade existem certas coincidências do filme com o livro Admirável Mundo Novo.
Gostaria aqui de apresentar um problema que muitas vezes não fica claro, e num segundo momento usando uma técnica “distópica” ou sendo um pouco anacrônico “Praemeditatio Maloroum”, que nada mais é no que pensar numa possibilidade das coisas atuais chegarem a pontos “piores”. É difícil emitir juízos de valor, mas acredito que se omitir e apenas ver as transformações da sociedade também não seja uma das melhores opções.
No filme a ilha as pessoas vivem num abrigo subterrâneo, pois querem escapar de uma contaminação que atingiu grande parte do globo terrestre, sendo que existe apenas um local no mundo que se pode viver na superfície: a própria ilha. O que esses moradores subterrâneos não sabem é que na verdade não passam de clones e que são meras peças de estoque para outros humanos que vivem na superfície terrestre onde a contaminação de fato não aconteceu.“O filme é de ficção é claro que possui suas licenças poéticas e absurdas”.
A clonagem humana ainda não foi realizada legalmente e no filme parece ser um processo muito simples.A principio parece bem claro o que quero propor: biocapitalismo é a fabricação de clones para serem “apólices de seguro”. Então vocês argumentarão que isso ainda não acontece e que talvez eu seja apenas um paranóico. Então pretendo entrar numa questão mais atual e que realmente está acontecendo em algumas partes do globo.
Algumas empresas já estão adotando o mapeamento genético como um dos exames necessários para a contratação de funcionários. Qual a importância disso? Detectar “falhas”genéticas vejam bem. Se duas pessoas concorrem a uma vaga e possuem as mesmas habilidades e mesmo currículos provavelmente o que causara menos custos ao plano de saúde da empresa será contratado.Dentro dessa situação vejo duas possibilidades de analise: a primeira seria a de que vivemos em uma sociedade de controle, a sociedade informacional. Muitas empresas nos monitoram a fim de descobrir mais dados sobre nós, nosso gene é uma de nossas bio-riquezas e acredito então ser positivo quem tenhamos algum direito a privacidade de nossos próprios dados.
O segundo problema é apresentado juntamente com a sociedade de controle, e o controle das informações genéticas. É difícil assumir, a maioria de nós ainda tem vergonha do fascismo histórico, europeu que ocorreu no entre guerras e durante a segunda guerra, mais difícil e ridículo de aceitar são os movimentos neofascistas e neonazistas que vemos nas televisões, em web sites ou em nossas próprias cidades. Porem existe um fascismo, um biocapitalismo fascistas a nossa volta. Um biocapitalismo que pretende criar uma “raça pura”, uma forma de homogeneizar, ou como diria Negri em seu Abecedário Biopolítico criar uma eugenia, acabar com a hibridização.
Num momento pós moderno, onde acreditamos na hibridização cultural, espacial, no trabalho e em tantos outros campos temos que abrir nossas percepções para problemas como esses.O biocapitalismo pode ser analisado também como os biopiratas, cientistas que “roubam” a riqueza biológica de outros países e detém seus direitos.Fico me perguntando às vezes se para fazer filhos daqui a alguns anos teremos que pagar direitos autorais pelos seus genes, pois algumas pesquisas procuram o “adão cientifico” já que muitos dos traços genéticos de nós humanos são parecidos.E se realmente esse controle genético de fato acontecer fico me perguntando como poderíamos nos relacionar com outras pessoas. Os genes em geral seriam muito parecidos, teríamos muitos gêmeos, irmão, mães e pais a solta. E se gostássemos de uma garota e ela tiver o DNA de nossa mãe? Então o capitalismo controlará até mesmo nossas relações amorosas através do DNA.
Um filme que de fato mostra essa exclusão que o biocapitalismo pode gerar se chama CÓDIGO 46.Ter um determinado gene pode significar ter acesso ou não dentro da sociedade de controle. A ciência é nosso golem.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Império pós-moderno, imperialismo moderno. (visões de um mundo contemporâneo)

Parece-me ser uma duvida comum a confusão de Império e Imperialismo quando se tem o primeiro contato com Negri e Hardt. É preciso entender que o conceito de Império é uma nova forma de analisar a política global contemporânea, por isso o conceito moderno (entendemos por moderno o período que vai de 1500 a 1945) de imperialismo não cabe mais as analises é um conceito frouxo que pode explicar apenas em partes ou em parte nenhum a situação em que vivemos.
A fim de esclarecer essa confusão faremos uma cartografia a fim de facilitar a diferenciação entre os dois períodos e seus conceitos.A modernidade esta intrinsecamente ligada a modernidade. A modernidade em si é o espaço da sociedade disciplinar, da rigidez, da solidez. Da Hegemonia do Estado-nação sobre a população e a economia de seu território. Na modernidade existiam “centros” de comando e áreas bem delimitadas para que esses centros pudessem agir. É assim que funciona o próprio sistema imperialista, um País Europeu domina um país da America do sul ou da África. Fica claro que o conceito de imperialismo serve a essa temporalidade então.
Já a pós-modernidade toma contornos completamente diferentes. É um espaço fluido que engolfa todo a globo terrestre. Os centros de comando não existem mais, as ordens vêm de todos os lugares, vem do virtual existe então um não-lugar de comando. A rigidez, a solidez foi substituída pelo controle e pela fluidez, não se precisa mais deixar o individuo ou o capital preso numa instituição disciplinar, agora se controla o fluxo, vive-se em locais abertos mais quase sempre monitorados.O Império domina o globo, opera nele por completo.
Na modernidade como vimos existiam espaços bem delimitados para que os Estados-nação agissem, agora na pós-modernidade o enfraquecimento dos Estados-nação mostra a sua incapacidade de governar a nova carne da multidão. Por outro lado vemos a globalização da economia. Quem controla esses fluxos globais de mão de obra, de capital, bolsa de valores... São as grandes corporações que controlam esses fluxos.
Negri e Hardt São bem claros ao afirmar “A transição para o Império surge no crepúsculo da soberania moderna. Em contraste com o imperialismo, o Império não estabelece um centro territorial de poder, nem se baseia em fronteiras ou barreiras fixas. É um aparelho de descentralização e desterritorialização do geral que incorpora gradualmente o mundo inteiro dentro de suas fronteiras abertas e em expansão. O Império administra entidades híbridas, hierarquias flexíveis e permutas plurais por meio de estruturas de comando reguladoras. As distintas cores nacionais do mapa imperialista do mundo se uniram e mesclaram, num arco-íris imperial global.”
domingo, 16 de agosto de 2009

Coisas que nem sempre podemos ver. O Império a nossa frente.
Murilo Esteves Junior
Negri e Hardt são afirmativos “o império está se materializando diante de nossos olhos”. Existe uma mudança clara nas tecnologias de poder, a forma de organizar o mundo e a supremacia. Os sintomas podem ser visto através de alguns fatos históricos. O fim do imperialismo, a queda do bloco da união soviética e os fluxos de troca comerciais e culturais a qual chamamos de globalização, esse é um processo irresistível e irreversível que ajuda a aumentar ainda mais o abismo das diferenças. A globalização sem duvida é um processo de mistura, de miscigenação e hibridização em muitos campos, mas a globalização como nós a conhecemos hoje, está sendo utilizada apenas a favor de poucos, que se beneficiam com a sua mobilidade global. A possibilidade de mobilidade, de descentralização e de deslocamento dá a vantagem para alguns, que estão o tempo todo em todos os lugares no globo e não estão em local nenhum ao mesmo tempo.
Traçando uma cartografia do mundo contemporâneo podemos expor algumas características:
A produção capitalista global está cada vez mais livre e nas mãos de alguns homens que não precisam mais respeitar as leis de Estados-nação, pois suas empresas são globais. Suas indústrias podem estar localizadas nas regiões onde a mão de obra existe em abundância e baixo custo, seus centros de tecnologias estão perto das universidades e redes de relacionamentos de produção imaterial, mas não existe duvida de que seus produtos estão espalhados por todo o globo.
A “direita” grita em alto e bom som uma vitória, um som que a muito estava sendo abafado pelo Estado e pelos sindicatos. O mercado finalmente sofre pouca distorção do Estado, o mercado se auto-regula.
A soberania do Estado-nação está sofrendo ataques, e a cada dia que passamos podemos perceber o seu enfraquecimento de decisão perto das grandes corporações econômicas.
Parece-nos então que é uma vitoria do capitalismo e que não existem mais espaços para uma resistência.
As produções e fluxos são globais, a soberania do Estado não é capaz de regular nem controlar esses elementos, as coisas parecem estar fora de controle. Mas só porque a soberania do Estado declina não quer dizer que ela não exista, na verdade presenciamos o crescimento de uma nova soberania. Essa nova forma de soberania mistura elementos nacionais e supranacionais e é a isso que Negri e Hardt denominam como Império.
Traçando uma cartografia do mundo contemporâneo podemos expor algumas características:
A produção capitalista global está cada vez mais livre e nas mãos de alguns homens que não precisam mais respeitar as leis de Estados-nação, pois suas empresas são globais. Suas indústrias podem estar localizadas nas regiões onde a mão de obra existe em abundância e baixo custo, seus centros de tecnologias estão perto das universidades e redes de relacionamentos de produção imaterial, mas não existe duvida de que seus produtos estão espalhados por todo o globo.
A “direita” grita em alto e bom som uma vitória, um som que a muito estava sendo abafado pelo Estado e pelos sindicatos. O mercado finalmente sofre pouca distorção do Estado, o mercado se auto-regula.
A soberania do Estado-nação está sofrendo ataques, e a cada dia que passamos podemos perceber o seu enfraquecimento de decisão perto das grandes corporações econômicas.
Parece-nos então que é uma vitoria do capitalismo e que não existem mais espaços para uma resistência.
As produções e fluxos são globais, a soberania do Estado não é capaz de regular nem controlar esses elementos, as coisas parecem estar fora de controle. Mas só porque a soberania do Estado declina não quer dizer que ela não exista, na verdade presenciamos o crescimento de uma nova soberania. Essa nova forma de soberania mistura elementos nacionais e supranacionais e é a isso que Negri e Hardt denominam como Império.
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