terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Laboratório de Estudos em Internet e Cultura / UFES + @ColetivoMulti + GEN

Ciclo de Debates
{ Poder e Internet: política e cultura nas mídias sociais }
Quinta, 19h30, Auditório do Centro de Artes

com @fabiomalini, @muriloejunior (GEN e @coletivomulti ) e @gabrielherkenhoff

Tema do dia:
“Sobre a inteligência de enxame”.
Debate a partir do trecho “Inteligência de Enxame”, do livro Multidão, de Toni Negri e Michael Hardt e de “La aparición de la guerra en red”, do livro,Redes e Guerra em Rede, e John Arquilla e David Ronfeldt {inédito no Brasil}

Próximo Tema [ 04 de março de 2010 ]
Yes, We Can – a campanha de Obama nas presidenciais de 2008
a partir do livro “Communication Power “, de Manuel Castells {ainda inédito no Brasil}

Sobre
O Seminário aberto Poder e Internet: política e cultura nas mídias sociais busca socializar e compartilhar os debates teóricos contemporâneos sobre os usos da internet no campo da cultura e da política, sobretudo, aqueles que refletem sobre o campo das chamadas mídias sociais na web. O seminário ocorre durante as quintas feiras, no Centro de Arte, quinzenalmente. A entrada é gratuita.É uma organização do @coletivomulti e do @labic .

Onde conseguir os textos
Os textos, de caráter curto, estão disponibilizados no Centro de Cópias do Centro de Vivência, na UFES, na pasta Política 2.0.

Coordenação Geral: Fábio Malini (UFES)

Transmissão ao vivo pela Internet!


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Murilo Esteves Junior

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

“É para a segurança de quem pode pagar” ou se conectar.

Murilo Esteves Junior

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Email/Gtalk : muriloejunior@gmail.com








No dia 23 de janeiro de 2010 fomos ao TwitcontroES ( http://twicontroes.co.cc/ ) o encontro dos “tuiteiros” capixabas. O que a princípio seria apenas um local de encontro para o conhecimento físico de pessoas que já se conheciam via internet, tomou novos rumos, pelo menos para minha pessoa, já que sou um entusiasta de sistemas de vigilância e da sociedade de controle.

Foi assim, sem mais nem menos, que o sangue subiu a minha cabeça quando recebi um panfleto com o seguinte usuário de twitter (daqui pra frente sempre que eu usar o @ significará um usuário de twitter) @VVsegura . O Vila Velha Segura é um projeto ainda em fase de teste que é comandado pelo Secretário de Defesa Social de Vila Velha, Ledir Porto (@ledirporto), que antes cuidava do mesmo seguimento no município da Serra.

Foi o próprio Ledir que estava panfletando no TwitcontroES, no meio do evento, juntamente com @fabiomalini (http://fabiomalini.wordpress.com/), @lorranviera (http://moquecarocker.blogspot.com/) , @ledirporto e outros “tuiteiros”. Foram surgindo algumas questões que colocam em xeque o projeto de Vila Velha Segura. Vamos aqui deixar mais claros alguns problemas que vemos nesse projeto.

Como Funciona o Vila Velha Segura:

Várias câmeras instaladas na orla de Vila Velha têm um número que as identificam, assim a pessoa vê um ato suspeito ou criminoso acontecendo perto da área de alcance da câmera e manda uma “mensagem direta” via twitter para o @Vvsegura. Uma central receberá essa mensagem e direcionará a câmera a fim de encontrar o tal ato suspeito ou criminoso.

Alguns pontos a serem discutidos:

Um primeiro ponto é que a iniciativa é maravilhosa, não tenho dúvidas de que as intenções são excelentes. Mas vamos aos fatos reais, numa cidade onde não se tem nem saneamento básico direito é uma ofensa oferecer um sistema de segurança participativo através da internet, pois sabemos que a maioria da população não tem acesso, e nem é usuário no twitter.
Sem dúvida Vila Velha hoje é símbolo de como as redes sociais podem ser usadas para a segurança, a união de vigilância participativa e redes sociais é uma ótima receita para uma cidade que vive um medo paranóico.
As câmeras de segurança na orla apenas modificaram os locais dos crimes, não existe dúvida que as câmeras inibem ações criminosas, mas os crimes acabarão parando nas ruas próximas, então qual será a solução futura? Instalar câmeras nas outras ruas? E depois em toda a cidade? E viver como no romance Orwelliano 1984? - de onde, não por acaso, foi tirado o nome do programa Big Brother? Onde as pessoas são vigiadas o dia todo? Londres hoje é a cidade com maior número de câmeras do mundo, em média uma pessoa é filmada por 11 câmeras diferente durante o dia. Sistemas biométricos unidos a essa tecnologia de vigilância podem acabar com a privacidade de qualquer pessoa e não acabar com a violência.

Perfis falsos no twitter ou uma chuva de spams em forma de mensagem direta podem transformar o trabalho dos operadores das câmeras em uma verdadeira situação caótica, imagina receber 10.000 mensagens por minuto e checar todas elas? É claro que existem defesas para esse tipo de situação, mas será que o @VVsegura está preparado para isso?

Acredito que a socialização das imagens também deveriam acontecer. Se estão chamando a população para ser “dedo-duro” acho que nada mais justo que mostrar também a tele-tela ou câmera -olho do sistema de vigilância do Estado.

Vejo nessa atitude um duplo perigo na socialização. O primeiro me parece muito com o da vigilância participativa feita na fronteira entre Estados Unidos e México (http://dispositivodevisibilidade.blogspot.com/search?q=fronteira , para saber mais checar o link da professora Fernanda Bruno, @fernandabruno), na qual cidadãos americanos passam horas entrando em sites com acesso a câmeras na fronteira e sempre que percebem atividades suspeitas avisam as autoridades. Outro perigo é para o próprio Estado, pois imagina se uma denúncia é feita, e ela fica registrada no twitter, até aí ótimo. Mas imagina se ninguém checa a denúncia e o crime de fato acontece e nenhum policial foi checar? Ou se nessas câmeras pudéssemos acompanhar atividades suspeitas das próprias autoridades que sabemos que algumas são corruptas?
O governo britânico tem um lema, que é mais ou menos o seguinte: você não precisa temer se não tem nada a esconder.

Botamos aqui algumas questões que achamos interessante para o debate do Vila Velha Segura, sem dúvida pretendemos uma crítica construtiva a fim de formar uma sociedade segura, mas também justa e acessível.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

formas de resistências [2]



"Pancho Villa precisou inventar um método completamente original de guerrear. (...) Ele nada sabia dos padrões europeus de estratégia e disciplina. (...) Quando seu exército entra em campo, Villa não se sente tolhido por saudações ou formas rígidas de respeito aos oficiais. (...) Parece o estropiado exército republicano que Napoleão conduziu à Itália" (John Reed apud Negri e Hardt)


Bem, a multidão, talvez, possa inventar ou reiventar inconscientemente tudo que aparentemente possa ser facilmente engolido pelos poderes glocais, soberanos, etc. resistir é a palavra da vez na qual a produção imaterial deve quem sabe se juntar.
Penso que para definirmos resistência, devemos primeiro pensar no cenário de batalha ou guerra, pois as lutas não se dão por natureza pura e simplesmente e sim por causa da existência de poder. Um não vive sem o outro. A resitência é primordial em matéria de poder.

O cenário atual é de guerra global, porém uma guerra sem fronteiras delimitadas, sem espaços pré-fixados, sem estratégias de batalhas de front e etc, a guerra atual é contra conceitos. O terrorismo é um exemplo de algo que todos falam, pensam e acabam achando que se manifesta pelos malucos muçulmanos. No entanto, o terror dito pelos ocidentais é quase sempre produzido e manifestado nas publicidades, no markenting, nas transmissões de ideologias dominantes.

Há quem acredite que o conflito global surge da interação da nova tecnologia com divisões religiosas e étnicas antiquíssimas, mistura cuja volatilidade é aumentada pela maior competição pelos recursos naturais. Porém, as ideologias cooperantes dessas crenças são as mesmas que se colocam em locais de vítimas dessa guerra global.
Resistir, portanto, se torna o centro da ação. Resistir à guerra e buscar a paz se torna para a multidão, uma necessidade, um busca pela liberdade.

Criar uma guerra contra a guerra, essa pode ser uma saída. Produzir imaterialmente talvez possa ser também guerrear contra os conflitos pré-fabricados pelos poderes soberanos. Destruir o regime de violência que o Império instaura a todo momento é a carne da multidão. A busca pela democracia da multidão é quebrar com a base que suportam as desigualdades e as opressões das pessoas.
Ya basta!

Rafael Drumond
www.twitter.com/rafadrumon

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010



Democracia Representativa? Representa Quem?

Bruno Lemos


Democracia: governo pelos cidadãos. Parece uma definição clara, mas ao longo dos anos tem sido entendida de muitas maneiras diferentes. Hoje em dia muitos países proclamam-se Democratas. A maior parte pode ser definida como Democracias Representativas, nas quais os cidadãos são chamados a atos eleitorais regulares onde escolhem livremente os seus representantes. Esta, por sua vez, tem como um dos seus deveres zelarem para que o órgão executivo, o governo exerça as suas funções de acordo com os interesses dos cidadãos. Como qualquer sistema político, a Democracia Representativa deve ser avaliada pelo que tem sido a sua aplicação na prática. Será que sob este sistema o governo tem sido dos cidadãos, e para os cidadãos? A resposta é, infelizmente, não.
Constantemente somos informados pela mídia a respeito dos nossos “representantes políticos’ a respeito do uso do estado para seu beneficio próprio, mas apesar de todos nós sabermos que maioria dos políticos não realiza sua função corretamente, a questão da política representativa vai muito mais além do que a maioria das pessoas imagina.
A política de representatividade conhecida mundialmente por fazer o povo participar ativamente da política, não se aplica no caso do Brasil, os nossos representantes aprovam leis inúteis que na maioria das vezes atende as demandas de uma minoria, usufruem do poder estatal como, por exemplo, recentemente descoberto que os políticos de Brasília usavam recurso federal para patrocinar viagens de seus familiares e inclusive viagens pessoais.
Com essas atitudes os ditos representantes dos cidadãos, além de não refletirem sobre a melhor forma de representar a sociedade, sistematicamente isentam-se das suas responsabilidades de iniciativa legislativa e de fiscalização da atividade governativa. A única solução para que realmente de fato a democracia possa acontecer é devolver o poder de forma permanente para o povo. Mas infelizmente em nossos dias atuais que a maioria dos países mundo são extremamente capitalistas, fica muito mais difícil o povo ficar a cargo de controlar a política de um país, mas ainda existem outros mecanismos para fazer os cidadãos participarem mais ativamente das decisões do governo, o que me refiro é a democracia direta.
A democracia direta é uma forma de organização na qual todos os cidadãos podem participar diretamente no processo de tomada de decisões do governo de seus respectivos países, exemplo dessa forma de governo é suíça onde todas as decisões tomadas pelo governo são através de plebiscito onde os eleitores decidem a aprovação, e a participação do povo não fica apenas em votar em plebiscitos, qualquer cidadão pode redigir leis e até mesmo participar modificando a constituição, que passam pelo mesmo processo de votação.
A democracia direta já demonstrou sua eficiência, o que falta para ser implantada no Brasil e nos países da America latina é o povo deixar de ser um agente passivo dos mandos e desmandos dos nossos políticos que nos “representam” e passar a expressar seu descontentamento através dos meios cabíveis, principalmente pelas urnas e pela mídia, mas o mais importante é não deixar que a política de nosso país não se afunde mais ainda do que está.