quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Império pós-moderno, imperialismo moderno. (visões de um mundo contemporâneo)

Murilo Esteves Junior
Parece-me ser uma duvida comum a confusão de Império e Imperialismo quando se tem o primeiro contato com Negri e Hardt. É preciso entender que o conceito de Império é uma nova forma de analisar a política global contemporânea, por isso o conceito moderno (entendemos por moderno o período que vai de 1500 a 1945) de imperialismo não cabe mais as analises é um conceito frouxo que pode explicar apenas em partes ou em parte nenhum a situação em que vivemos.
A fim de esclarecer essa confusão faremos uma cartografia a fim de facilitar a diferenciação entre os dois períodos e seus conceitos.A modernidade esta intrinsecamente ligada a modernidade. A modernidade em si é o espaço da sociedade disciplinar, da rigidez, da solidez. Da Hegemonia do Estado-nação sobre a população e a economia de seu território. Na modernidade existiam “centros” de comando e áreas bem delimitadas para que esses centros pudessem agir. É assim que funciona o próprio sistema imperialista, um País Europeu domina um país da America do sul ou da África. Fica claro que o conceito de imperialismo serve a essa temporalidade então.
Já a pós-modernidade toma contornos completamente diferentes. É um espaço fluido que engolfa todo a globo terrestre. Os centros de comando não existem mais, as ordens vêm de todos os lugares, vem do virtual existe então um não-lugar de comando. A rigidez, a solidez foi substituída pelo controle e pela fluidez, não se precisa mais deixar o individuo ou o capital preso numa instituição disciplinar, agora se controla o fluxo, vive-se em locais abertos mais quase sempre monitorados.O Império domina o globo, opera nele por completo.
Na modernidade como vimos existiam espaços bem delimitados para que os Estados-nação agissem, agora na pós-modernidade o enfraquecimento dos Estados-nação mostra a sua incapacidade de governar a nova carne da multidão. Por outro lado vemos a globalização da economia. Quem controla esses fluxos globais de mão de obra, de capital, bolsa de valores... São as grandes corporações que controlam esses fluxos.
Negri e Hardt São bem claros ao afirmar “A transição para o Império surge no crepúsculo da soberania moderna. Em contraste com o imperialismo, o Império não estabelece um centro territorial de poder, nem se baseia em fronteiras ou barreiras fixas. É um aparelho de descentralização e desterritorialização do geral que incorpora gradualmente o mundo inteiro dentro de suas fronteiras abertas e em expansão. O Império administra entidades híbridas, hierarquias flexíveis e permutas plurais por meio de estruturas de comando reguladoras. As distintas cores nacionais do mapa imperialista do mundo se uniram e mesclaram, num arco-íris imperial global.”

domingo, 16 de agosto de 2009




Coisas que nem sempre podemos ver. O Império a nossa frente.

Murilo Esteves Junior

Negri e Hardt são afirmativos “o império está se materializando diante de nossos olhos”. Existe uma mudança clara nas tecnologias de poder, a forma de organizar o mundo e a supremacia. Os sintomas podem ser visto através de alguns fatos históricos. O fim do imperialismo, a queda do bloco da união soviética e os fluxos de troca comerciais e culturais a qual chamamos de globalização, esse é um processo irresistível e irreversível que ajuda a aumentar ainda mais o abismo das diferenças. A globalização sem duvida é um processo de mistura, de miscigenação e hibridização em muitos campos, mas a globalização como nós a conhecemos hoje, está sendo utilizada apenas a favor de poucos, que se beneficiam com a sua mobilidade global. A possibilidade de mobilidade, de descentralização e de deslocamento dá a vantagem para alguns, que estão o tempo todo em todos os lugares no globo e não estão em local nenhum ao mesmo tempo.
Traçando uma cartografia do mundo contemporâneo podemos expor algumas características:
A produção capitalista global está cada vez mais livre e nas mãos de alguns homens que não precisam mais respeitar as leis de Estados-nação, pois suas empresas são globais. Suas indústrias podem estar localizadas nas regiões onde a mão de obra existe em abundância e baixo custo, seus centros de tecnologias estão perto das universidades e redes de relacionamentos de produção imaterial, mas não existe duvida de que seus produtos estão espalhados por todo o globo.
A “direita” grita em alto e bom som uma vitória, um som que a muito estava sendo abafado pelo Estado e pelos sindicatos. O mercado finalmente sofre pouca distorção do Estado, o mercado se auto-regula.
A soberania do Estado-nação está sofrendo ataques, e a cada dia que passamos podemos perceber o seu enfraquecimento de decisão perto das grandes corporações econômicas.
Parece-nos então que é uma vitoria do capitalismo e que não existem mais espaços para uma resistência.
As produções e fluxos são globais, a soberania do Estado não é capaz de regular nem controlar esses elementos, as coisas parecem estar fora de controle. Mas só porque a soberania do Estado declina não quer dizer que ela não exista, na verdade presenciamos o crescimento de uma nova soberania. Essa nova forma de soberania mistura elementos nacionais e supranacionais e é a isso que Negri e Hardt denominam como Império.

Videos do Segundo Fórum de Mídia Livre em Vitória.

Ontem dia 15/08/2009 (sábado) rolou o II FML, pela manha: oficinas, pela tarde: desconferencia. que não pode ir ta rolando na internet uns videos, então confiram o link:

http://pt-br.justin.tv/forummidialivre


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

II Fórum de Mídia Livre


O II Fórum Mídia Livre ocorrerá em Vitória nos dias 13 a 15 de novembro. Até lá midialivristas capixabas irão percorrer o estado, do Sul ao Norte, para divulgar o evento, através do Seminário Aberto Itinerante "Nós Somos a Mídia".


A caravana midialivrista capixaba começa na capital, na Universidade Federal do Espírito Santo. E todos estão convidados a participar. Inscreva-se.


"Nós somos a Mídia"

Seminário Aberto Itinerante

rumo ao II Fórum de Mídia Livre

15 de agosto - 9h às 18h
Núcleo de Multimeios (Bob Esponja) - Centro de Artes - Ufes


Programação

9h – Abertura

9h30 – Oficinas de Mídia Livre


1) PodCasts – ou Faça sua Própria Rádio

Oficineiros: Marcelo Daigo, Yuri Santos e Osvaldo Oleare

Resumo: participantes produzem dois podcasts para a Rádio Mídia Livre. O objetivo é aprender técnicas de produção e divulgação de podcasts.

Vagas: 15 pessoas


2) Blogs e Comunicação Institucional

Oficineiros: Thalles Waichert e Fábio Malini

Resumo: participantes produzem textos para diferentes gêneros de blogs. O objetivo é mostrar como uma organização/movimento pode mobilizar diferentes públicos em torno dessa mídia social.

Vagas: 20 pessoas


3) Criação de Mashups em Áudio - ESGOTADA

Oficineiros: Murilo Esteves

Resumo: participantes vão produzir mashups em áudio, um dos gêneros de mais rápida circulação na web. Mashup é uma técnica musical que consiste em mixar vários samples de musicas diversas e através de algumas modificações formar uma nova musica. Dentro dessa problemática é possível abordar temas como direitos autorais, sample, morte dos autores e copyleft. A oficina de mashup pretende ser um espaço de junção crítica teórica e prática na construção de musica “comum”.

Vagas: 10 pessoas


4) Estratégias de Comunicação em Mídia Social, ênfase no Twitter - ESGOTADA

Oficineiro: Júlio Valentim

Resumo: Você sabe se comunicar em mídias sociais na internet? Então a idéia é socializar técnicas de guerrilha de informação em redes sociais, principalmente o Twitter. Hoje a mídia de massa é fixação. Informação é na internet. Então o objetivo é mostrar como produzir visibilidade da sua informação em rede.

Vagas: 15 pessoas


5) Fotografia – Ligth Painting - ESGOTADA

Oficineiros: Izais Buson e Thiago Coutinho
Resumo: A técnica fotográfica Light Painting (Pintando com luz) consiste em fazer fotografias com longa exposição e usar os deslocamentos da luz para inscrever desenhos na imagem. A oficina permite aos participantes o contato com uma técnica experimental de fotografia e demonstra como pode ser feita a manipulação da imagem sem o uso de programas de pós-produção.

Após a produção das fotografias, haverá uma seleção e as principais imagens que dialoguem com a causa midialivrista serão publicados no blog do evento.

Vagas: 7 pessoas


14h às 18hDesconferência “Nós somos a mídia! Debate sobre estado da mídia e da cultura no Espírito Santo.Sem muros de lamentação. Resistir é criar. O Barcamp "nós somos a mídia" visa discutir o estado da mídia e da cultura no Espírito Santo. Quais são as possibilidades e as limitação para a criação de mídias hoje no Espírito Santo? Há modelos de negócio para o empreendedorismo em mídia livre? Recombinar ou remixar é violar direito autoral? Como os processos de colaboração e compartilhamento geram novas linguagens de mídia? Essas e outras questões serão discutidas na desconferência.



segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Esse é o oficial... talvez a data inicial mude, mas continuem a acompanhar o blog que informaremos sobre a data.

abraços

domingo, 9 de agosto de 2009


micro-cartas para a galera já ir aquecendo para o grupo de estudos...

abraços

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

POR UM DESLOCAMENTO POLÍTICO COMUM: uma crítica a mim mesmo e a todos nós

Davis M Alvim

Gilles Deleuze diagnosticou as nossas sociedades como sociedades de controle. Esse termo já é bastante conhecido daqueles que estão familiarizados aos textos do filósofo, mas vale uma breve explicação para quem o desconhece.

Os dispositivos de controle são uma novíssima modulação, nascida após a Segunda Guerra Mundial, a partir da crise daquilo que Michel Foucault chamava de sociedade disciplinar. A disciplina foi a primeira modalidade histórica do poder a incidir de forma direta e constante sobre a vida das pessoas, ela estabelecia parâmetros de pensamento, ação e prescrevia quais comportamentos eram normais ou desviantes. Costumava-se conceber os mecanismos de poder como repressores, mas na verdade essa formulação é inadequada há séculos. Na disciplina, os poderes voltavam-se não apenas para os aspectos negativos (proibição, subtração de tempo, taxação, pena de morte), mas principalmente para a vigilância, a avaliação e a incitação, passando assim a produzir forças, não mais a destruí-las. Na sociedade de disciplina predominavam os espaços fechados, com características normativas próprias, como a família, a escola, a fábrica ou a prisão, já os mecanismos de controle, como a mídia, a propaganda e o mercado, atuam principalmente ao ar livre, circulando livremente nas avenidas das grandes cidades. As paredes das instituições se tornaram fluidas e os mecanismos de controle agora estão presentes no todo social. A transição caminha da fábrica à empresa, do exame ao controle contínuo, do homem confinado ao homem endividado.


Nossas vidas hoje diferem dos antigos modelos disciplinares, modernos ou imperialistas, pois agora se pretende estimular o movimento, ou melhor, dar a ele uma forma, uma vazão ou um escoamento. Se a rígida disciplina ainda existe, ela é hoje atravessada por outras forças mais líquidas. As novas gerações passam cada vez menos tempo exercitando-se na memorização de questões escolares, paralisadas em frente ao brilho do aparelho televisor ou até mesmo lendo os tediosos jornais diários. Tais dispositivos estão sendo aos poucos trocados pelo uso de múltiplos programas de computador, pela prática de esportes ditos “radicais” ou pelo investimento de tempo e subjetividade em práticas empreendedoras que visam sobreviver em um mercado que demanda atenção incessante para com seus fluxos e oscilações. O movimento é assim capturado pela luta pela sobrevivência na precariedade do mercado.



Os novos dispositivos de poder administrativos, midiáticos e empresariais lidam de forma inédita com movimento e rejeitam abertamente a obediência cega e mecânica promovida pela antiga sociedade de disciplina. A questão passa então a ser como escapar ao controle do movimento. Seria possível intensificar os fluxos até o ponto em que os dispositivos de barragem e canalização se rompam? Tal intensificação só pode ocorrer por uma forte potência política que não perca de vista a multiplicidade, construindo no comum e no coletivo. Trata-se de uma luta contra a “interiorização do movimento” e por um deslocamento político comum. Contudo, as forças do movimento interiorizado não param de impedir o movimento para fora: estamos perpetuamente em busca de formas qualificação profissional pouco críticas, lutando arduamente pela ascensão ou pura sobrevivência na meta-instabilidade do mercado, de tal forma que, se o movimento é permitido, ele se dá por dentro de uma tubulação pré-moldada. E ainda, se nos convidam a participar de forma criativa, não é senão para a resolução de problemas na gestão dos lucros e na lubrificação do maquinário capitalista.

Movimento interiorizado versus deslocamento para fora. No primeiro caso teríamos a produção perpétua de um movimento que não apenas convém como gestor e lubrificante dos micropoderes, mas que está às voltas com uma tendência centrífuga, pois coloca a força selvagem do corpo e do pensamento a serviço da produção de uma nova modalidade de interioridade. Trata-se de um “eu” que não mais sofre por suas fraturas e descentramentos, mas que, ao contrário, torna-se um Eu-movimento, misturando de forma bizarra elementos de edipianização e técnicas de gestão empresarial. Já o deslocamento para fora é uma força centrípeta, voltando nossos olhares, ainda que de mãos dadas e com amor, para fora, convertendo comunidades Bdsms, místicas, virtuais, em organismos políticos capazes de engendrar corpos ou partes monstruosas, e não simplesmente formarem esconderijos para aquietar o desejo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O que é o GEN?




As últimas décadas do século XX foram marcadas por mudanças profundas que varreram toda a superfície do planeta. Diante de novidades como a organização de um mercado cada vez mais global, a retração da força política do Estado-nação e a revolução da informática, não se pode deixar de notar que um dos mais notáveis acontecimentos de nossos tempos foi o desaparecimento do grande antagonismo entre os países socialistas e capitalistas. O fim dessa polaridade gerou diversas conseqüências, dentre quais a tendência ao desaparecimento da capacidade crítica em relação ao funcionamento geral do sistema capitalista, agora substituída por novas e adequadas formas de luta voltadas para problemas como, por exemplo, o gênero, a etnia e a sexualidade.


Por sua vez, o novo século parece trazer consigo novas configurações do ato de resistência, apontado a possibilidade de uma conexão mais profunda entre os movimentos sociais, o trabalho e as novas formas críticas da exploração capitalista. A produção intelectual de Antônio Negri e suas parcerias com Michael Hardt, advindas da experiência do operaísmo italiano, entre outros, abriram um espaço importante para a reflexão sobre o esse novo momento. O Grupo de Estudos Nômades (GEN) busca construir um espaço concreto para o debate sobre as possibilidades de resistência em nossos tempos, com reuniões quinzenais na Faculdade Cesat.


No semestre de 2009/2, o GEN pretende retomar os estudos. O primeiro ano de existência do grupo teve por objetivo estudar as diversas concepções de resistência por meio do pensamento de Michel Foucault e Gilles Deleuze. A nova proposta é retomar os estudos, que serão voltados para a noção de Império, multidão e comum, além de também abordar as novas perspectivas da crítica advinda do operaismo italiano, tema bastante em voga na discussão acadêmica atual no que diz respeito à globalização, os meios de comunicação e os novos movimentos sociais.


Nosso objetivo é pensar o ato de resistência no contexto pós-moderno, assim como as possibilidades de criação de espaços de vida política comum na Era do Império.



Em breve mais informações sobre inscrição e as datas dos encontros.