segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ninguém regula a América.


Rafael Drumond

Quero iniciar essa parada com uma pergunta: se o sistema econômico mundial rejeita a idéia de escassez de recursos, uma vez que, se a demanda exceder a oferta, os recursos ficarão caros e esse excedente será controlado e sanado pelas novas tecnologias que prosseguirão por meio das criatividades e inventividades humanas, por que então não findar ( ou quem sabe, nucleá-lo)logo o conflito busca pela hegemonia x potência criativa da multitude? Para tanto, insisto que o poder de criação de comunicabilidade, de interação, de invenção, de remodelagens sociais, de interrelações entre seres de culturas distintas etc, representam a multidão.

Contudo, penso que a idéia de que a inventividade humana pode superar a escassez natural não é nova. Os positivistas acreditavam que a industrialização permitiria à humanidade vencê-la. Seguindo-os nesta fé, Karl Marx imaginou que o industrialismo tornaria possível um estado de adundância em que tanto os mercados quanto o Estado seriam obsoletos. Essa linha de pensamento se chocou com a década de 90 do século XX, quando por escassez de recursos, estorou uma guerra, afinal, os EUA não permitiriam que o controle das saídas de petróleo kwaitinianos e sauditas saissem de suas mãos.
Longe de dar início a uma nova era de governança global, a globalização está produzindo o renascimento do império. O modo de governo imperial está sendo reiventado em silêncio como único remédio para os perigos que nascem dos Estados fracassados; mas os protetorados criados até agora em países como Bósnia, Kosovo e Afeganistão não são simples projeções do poderio norte-americano. São empreendimentos internacionais, que funcionam dentro do arcabouço de instituições como a OTAN, a União Européia e a ONU, tirando a participação do Banco Mundial e do FMI, na propagação e perpetuação da hegemonia imperial movida por burocracias capitalizadas por corporações sólidas do ponto de vista econômico.

A favor da Al Quaeda, no que diz respeito à ruptura de um mito americano proporcionada pelas atuações militares ( que alguns insistem em dizer que é terrorismo, não entrarei aqui nesse mérito) seja lá de quem for. Penso que a mudança de visão dos próprios americanos acerca do que representa os EUA para o mundo já faz com o que a coisas saem do controle e isso nesse caso é de extrema importância.

Mais uma vez, lido aqui com a dualidade império multidão, retornando e reecaminhando nos mesmos espaços de análises. Talvez quebrar essa regra será o núcleo da dialética do meu próximo post.




3 comentários:

  1. comeco pelo fim. nao acredito nessa dualidade para nao dizer (dialetica) entre multidão e império. a multidão é multiplicidade de singularidades, uma vasta gama de conflitos multi-direcionais contra o império que tbm não pode ser visto como um organismo unicelular (só ver a descrição de hardt e negri sobre o funcionamento da piramide que é o império).

    como sempre volto a falar, trata-se de traçar linhas de fuga, que é o exodo dos locais de controle de fluxos. a escasses existe onde os fluxos são controlados por aparelhos de estados estagnados.

    a questão é fugir, estar em locais nao mensuraveis, incontaveis. a ideia de controle, de contagem e de estatisca é totalmente uma "arma" de biopolitica. veja os escritos de foucault sobre a invenção da necessidade de se "proteger a sociedade" e o curso que virou livro "seguranca territorio e população". dentro dessa linha tbm existe o livro "nascimento da biopolitica".

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  2. bom, eu ia dizer mais ou menos o mesmo. não acho que o conflito entre multidão e império seja dialético. a dialética é uma estratégia moderna completamente insuficinete para enfrentar o dispositivo imperial. trata-se mais de um atravessamento e da criação do que o enfrentamento e a ocupaçao dos espaços de poder. porém concordo plenamente com a aposta na comunicação da multidão e suas interações (que, repare bem, são entre si e não contra ou com o Império).

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  3. ok senhores, vamos sair da dialetica, pois como diz murilim, nao é compatível com os autores em questão. Bom, postarei mais coisas, e talvez permeadas por análises um tanto quanto subjetivas e inovadoras. Portanto, não se prendam às teorias.

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