quinta-feira, 3 de setembro de 2009



Poucas coisas que sei sobre Biocapitalismo.

Murilo Esteves Junior



Primeiramente gostaria de esclarecer que o filme a ilha não tem nada a ver com o livro a ilha de Aldous Leonard Huxley, como sou amante de Huxley aluguei o filme achando que tivesse algo parecido. Na verdade existem certas coincidências do filme com o livro Admirável Mundo Novo.



Gostaria aqui de apresentar um problema que muitas vezes não fica claro, e num segundo momento usando uma técnica “distópica” ou sendo um pouco anacrônico “Praemeditatio Maloroum”, que nada mais é no que pensar numa possibilidade das coisas atuais chegarem a pontos “piores”. É difícil emitir juízos de valor, mas acredito que se omitir e apenas ver as transformações da sociedade também não seja uma das melhores opções.



No filme a ilha as pessoas vivem num abrigo subterrâneo, pois querem escapar de uma contaminação que atingiu grande parte do globo terrestre, sendo que existe apenas um local no mundo que se pode viver na superfície: a própria ilha. O que esses moradores subterrâneos não sabem é que na verdade não passam de clones e que são meras peças de estoque para outros humanos que vivem na superfície terrestre onde a contaminação de fato não aconteceu.“O filme é de ficção é claro que possui suas licenças poéticas e absurdas”.



A clonagem humana ainda não foi realizada legalmente e no filme parece ser um processo muito simples.A principio parece bem claro o que quero propor: biocapitalismo é a fabricação de clones para serem “apólices de seguro”. Então vocês argumentarão que isso ainda não acontece e que talvez eu seja apenas um paranóico. Então pretendo entrar numa questão mais atual e que realmente está acontecendo em algumas partes do globo.



Algumas empresas já estão adotando o mapeamento genético como um dos exames necessários para a contratação de funcionários. Qual a importância disso? Detectar “falhas”genéticas vejam bem. Se duas pessoas concorrem a uma vaga e possuem as mesmas habilidades e mesmo currículos provavelmente o que causara menos custos ao plano de saúde da empresa será contratado.Dentro dessa situação vejo duas possibilidades de analise: a primeira seria a de que vivemos em uma sociedade de controle, a sociedade informacional. Muitas empresas nos monitoram a fim de descobrir mais dados sobre nós, nosso gene é uma de nossas bio-riquezas e acredito então ser positivo quem tenhamos algum direito a privacidade de nossos próprios dados.



O segundo problema é apresentado juntamente com a sociedade de controle, e o controle das informações genéticas. É difícil assumir, a maioria de nós ainda tem vergonha do fascismo histórico, europeu que ocorreu no entre guerras e durante a segunda guerra, mais difícil e ridículo de aceitar são os movimentos neofascistas e neonazistas que vemos nas televisões, em web sites ou em nossas próprias cidades. Porem existe um fascismo, um biocapitalismo fascistas a nossa volta. Um biocapitalismo que pretende criar uma “raça pura”, uma forma de homogeneizar, ou como diria Negri em seu Abecedário Biopolítico criar uma eugenia, acabar com a hibridização.



Num momento pós moderno, onde acreditamos na hibridização cultural, espacial, no trabalho e em tantos outros campos temos que abrir nossas percepções para problemas como esses.O biocapitalismo pode ser analisado também como os biopiratas, cientistas que “roubam” a riqueza biológica de outros países e detém seus direitos.Fico me perguntando às vezes se para fazer filhos daqui a alguns anos teremos que pagar direitos autorais pelos seus genes, pois algumas pesquisas procuram o “adão cientifico” já que muitos dos traços genéticos de nós humanos são parecidos.E se realmente esse controle genético de fato acontecer fico me perguntando como poderíamos nos relacionar com outras pessoas. Os genes em geral seriam muito parecidos, teríamos muitos gêmeos, irmão, mães e pais a solta. E se gostássemos de uma garota e ela tiver o DNA de nossa mãe? Então o capitalismo controlará até mesmo nossas relações amorosas através do DNA.



Um filme que de fato mostra essa exclusão que o biocapitalismo pode gerar se chama CÓDIGO 46.Ter um determinado gene pode significar ter acesso ou não dentro da sociedade de controle. A ciência é nosso golem.

2 comentários:

  1. Murilo pegando um link no que vc falou é interesante observar o filme V de vingança que os principais lideres do parlamento criam duas epidemias que mataram mais de 100 mil pessoas, para que estes lideres que eram grandes donos de frabricas de remedios ganhasem muito dinheiro, e para controlar a sociedade inglesa atraves do medo criando um governo facista onde todos seriam iguais como por exemplo também no filme mostra que os homosexuais começaram a ser perseguidos e fizeram diversas experiencias com eles procurando criar armas biologicas ou seja a biopolitica pode ser um grande instrumento de dominação, isto pode acontecer em nossa sociedade. Bruno Lemos

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  2. Bacana seu texto. Eu amo Huxley e ficou doidinha ocm a Ilha. Tenho q ler de novo. Outro filme que lembra td isso é Gattaca.

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