quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Poder nômade, poder do Império

Rafael Drumond

Uma narrativa que sempre me inquietou foi a dos movimentos trabalhistas e a crença de que a chave para a resistência é fazer um corpo organizado de trabalhadores parar a produção. Tal como a idéia de revolução, a idéia de sindicato foi despedaçada, e talvez nunca tenha existido na vida cotidiana. A ubiquidade, ou seja, a forma de poder estar em todo os lugares, ao mesmo tempo, das greves suspensas, cortes voluntários de salários e demissões "voluntárias" atestam que aquilo que se chama sindicato não passa e uma burocracia trabalhista.

A fragmentação do mundo, - em nações, em regiões, Primeiro e Terceiro Mundos etc -, como método disciplinador utilizado pelo poder nômade ( talvez esse poder seja do Império?!?!) - tornou anacrônicos os movimentos trabalhistas nacionais. Os locais de produção são móveis demais e as técnicas de gestão flexíveis demais para que a ação trabalhista seja eficaz. Se os trabalhadores de uma região resistem às exigências corporativas, uma fonte de mão-de-obra aternativa é rapidamente encontrada.

A transferência das fábricas da Dupont e da General Motors para o México, por exemplo, demonstra esta habilidade nômade. Como colônia fonte de mão-de-0bra, o México também permite a redução dos custos unitários, eliminando os padrões salariais de Primeiro Mundo e os direitos trabalhistas. O preço da velocidade do mundo corporativo é pago pela intensificação da exploração. A sustentada fragmentação do tempo e do espaço faz com que isso seja possível. O tamanho e o desespero da mão-de-obra do Terceiro Mundo, em conjunto com sistemas políticos cúmplices, deixam as classes trabalhadoras organizadas sem uma base a partir da qual possam barganhar. No momento, não vejo luz no fim do túnel.

2 comentários:

  1. damos crédito demais aos mecanismo de poder se achamos que foram eles que tornaram o movimento dos trabalhadores - o sindicato em especial - anacrônico. os trabalhadores, por meio desse dispositivo, hj anacrônico sem duvida, conquistaram muitas coisas das quais, em parte, nos desfrutamos(férias, 13º, etc). contudo, a resistencia (acho) tem um lógica própria, ela é apenas em parte dialetica, por isso não podemos deixar de ver que foram, também, os proprios resistentes quem abandonaram a atividade sindical e partidaria. em 60 e 70 chovem criticas ao modelo de vida defendida pelo "mov. dos trabalhadores" e os "novos" movimentos sociais são em parte fruto desse descontentamento.

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